O Período Intertestamentário





Sabemos que a Bíblia possui duas divisões básicas: o Antigo e o Novo Testamento. E um ponto interessante para compreendermos é que a revelação nas Escrituras é progressiva, e o ápice dessa revelação de Deus sobre Si mesmo, se encontra no Novo Testamento.

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Em um vídeo anterior, já estudamos alguns pontos sobre o Antigo Testamento, e agora estamos caminhando para entendermos o Novo. Mas para isso, para entendermos os dias de Jesus narrados nos Evangelhos e o cenário em que os primeiros cristãos viveram, precisamos antes entender outro ponto: o período intertestamentário.  

Quando terminamos de ler o Antigo Testamento, os persas estavam dominando sobre o povo judeu. Ao abrirmos o Evangelho de Mateus, são os romanos que estão no governo. O Antigo Testamento foi escrito em hebraico, mas então encontramos o Novo Testamento escrito em grego. Fariseus, Saduceus e Sinagogas não são mencionados no Antigo Testamento, mas aparecem muito no Novo. Em que momento tantas mudanças aconteceram?

Há um período de 400 anos entre os dois Testamentos, também conhecido como “Período do Silêncio”. Neste tempo, nenhum profeta foi levantado por Deus para falar ao povo, até os dias de João Batista, a voz que clamava no deserto.

Alguns livros foram escritos nesses 400 anos, como primeiro e segundo Macabeus, que estão presentes na Bíblia católica, mas não na Bíblia protestante.  

Ao longo de 400 anos muitas coisas aconteceram, o que torna os contextos dos dois Testamentos completamente diferentes um do outro. Este período de silêncio é importante, pois definiu o cenário em que Jesus e Seus seguidores viveram.

Vemos no Antigo Testamento que o Reino Sul, Judá, foi tomado e levado em cativeiro pelos babilônios. Mas em alguns anos, essa potência da época caiu, e os persas tomaram seu lugar. Os judeus não foram libertos porque seus dominadores enfraqueceram, eles apenas passaram a ser dominados por outro povo. Mas foi sob o domínio dos persas, quando Ciro era rei, que parte do povo judeu pôde voltar para Jerusalém e reconstruir o Templo destruído. (Esdras 1:1-4)

O Antigo Testamento termina assim, com parte do povo restabelecido em Jerusalém, mas agora como uma província da Pérsia. Os 400 anos que se seguiram foram cheios de mudanças e um ponto marcante foi a ascensão de Alexandre, o Grande. Sim, o governador grego que você provavelmente já ouviu falar.

Alexandre ascendeu ao trono muito jovem, e depois de assegurar seu controle sobre a Macedônia e a península grega, o jovem Alexandre iniciou uma série de vitórias sobre os persas. As vitórias de Alexandre acabaram resultando em seu domínio sobre praticamente todos os territórios que antes eram dominados pelos persas, incluindo o território dos judeus.

Um ponto marcante deste período de domínio grego foi o idioma que se espalhou no processo, dando uniformidade e, futuramente, facilitando a pregação do Evangelho. O grego passou a funcionar como um meio quase universal de comunicação de todo o Antigo Oriente Próximo, e é por isso que todos os livros do Novo Testamento foram escritos em grego. A vida de Alexandre, porém, foi muito curta. Ele morreu aos 32 anos de idade e teve seu reino dividido entre seus quatro generais.

Você se lembra das visões de Daniel? Certa vez, Daniel viu dois animais, o primeiro era um carneiro com dois chifres, representando os medos e os persas; o segundo era um bode, representando os gregos. Esse bode é descrito com um grande chifre que se referia a Alexandre, mas na visão de Daniel, esse chifre se quebra e quatro outros surgem em seu lugar, exatamente como aconteceu tantos anos depois. (Daniel 8)

Com o império grego dividido, a terra de Israel foi, inicialmente, parte do reino de Ptolomeu e desfrutou de uma certa liberdade religiosa. Já quando Israel foi conquistada pelos Selêucidas, o povo enfrentou um cenário bem diferente: o templo foi saqueado, as festas religiosas foram proibidas e muitas práticas do povo também, como ler as Escrituras, guardar o sábado e circuncidar seus filhos.

Algum tempo depois, na conhecida Revolta dos Macabeus, os judeus conquistaram a liberdade e a tiveram por mais de um século. Por volta de 164 a.C., o Templo foi retomado e purificado, um evento comemorado até hoje pelos judeus, com o nome de “Festa da Dedicação” ou “Hanukkah”.

A liberdade, porém, chegou ao fim. Brigas internas, entre o próprio povo, fez com que eles se enfraquecessem e em 63 a.C., Pompeu, um general romano, tomou o poder sobre o povo de Israel. Roma pode ter sido a nação que mais exigiu dos judeus, os controlando e cobrando impostos. E sabemos que o domínio romano foi o último grande período que antecedeu a vinda de Jesus.

Compreendemos sobre o idioma grego no Novo Testamento, como os romanos se tornaram dominadores do povo e também muitos acontecimentos deste período. Mas e quanto às Sinagogas e o grupo de líderes judeus tão mencionados no Novo Testamento?

As Sinagogas provavelmente surgiram no cativeiro babilônico, quando o povo estava longe de sua terra e do Templo de Jerusalém, o centro da adoração judaica. Elas se desenvolveram no final do Antigo Testamento e início do período intertestamentário e, no Novo Testamento, já estão plenamente estabelecidas. Elas foram importantíssimas para o anúncio do Evangelho.

Com as Sinagogas, os judeus se desenvolveram como nação. Nelas, o povo adorava a Deus com cânticos, oração e leitura da Palavra, sendo muito semelhantes com nosso modelo de culto hoje.

Os líderes religiosos que encontramos no Novo Testamento, como os Fariseus e Saduceus, também surgiram nesse período, especificamente enquanto o povo gozava da liberdade política e religiosa que já mencionamos. Nos dias de Jesus, eles eram respeitados e exerciam grande autoridade sobre o povo.

Podemos afirmar que o Período Intertestamentário foi um tempo de muitas mudanças, liberdade, lutas e vitórias. O povo se uniu e conquistou a liberdade, mas sua desunião causou a perda dela.

Quando Jesus veio ao mundo, dando início ao Novo Testamento, muitas gerações já haviam nascido e morrido esperando pelo cumprimento dessa promessa. Todos esses acontecimentos ao longo dos quatro séculos silenciosos, construíram o cenário do Novo Testamento. Por isso, o silêncio de Deus neste período não significa, de forma alguma, falta de ação. Ao estudarmos o Novo Testamento, entenderemos como essas mudanças contribuíram para a expansão das Boas-Novas.

Esperamos que este estudo tenha te abençoado e enriquecido seus conhecimentos bíblicos. Até a próxima!




Postado em 02/06/2023

A Palavra de Deus